quinta-feira, 30 de maio de 2013



EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE: PENSE NISSO!
 
xandecoxango@yahoo.com.brPor Baba Xandeco de Xangô

Movimento Popular de Saúde no Brasil, nasce a partir da experiência de Movimentos Populares, em  1981, após o III ENEMEC, ocorrido em Goiás onde passou a denominar-se Mops, que é uma rede de pessoas unidas, que lutam pela saúde da população brasileira de forma organizada, onde busca a emancipação  e capacitação das pessoas, enquanto sujeitos portadores de direitos. O Mops está presente em mais de 21 Estados Brasileiros. No Rio Grande do Sul,o Mops foi criado e instalado oficialmente no dia 04 de Junho de 2009. São Fundadores do MOPS RS os atores sociais, profissionais da saúde, e articuladores:Baba Xandeco de Xangô, Amauri Ferreira Lopes do Paraná, Marli Therezinha Aquino, Carlos Alberto Pozo Raymundo, Clauber Fonseca da Silva, Iya Dê d’Ogum Onirê, Iria de Fátima Martins, Rubem da Silva, Celina Valderez Khoeler,Thiago do Nascimento Charme,  entre outros. As reuniões do acontecem na sala de reuniões do IBGE em Porto Alegre. O MOPS RS, já organizou 3 Encontros Estaduais, além de participar do Fórum Social Temático, denunciando a insegurança alimentar, com Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros. Ultimamente o MOPS RS, está formando núcleos nas em  Canoas-RS, Santa Maria-RS e Encruzilhada do Sul,  organizando a juventude e discutindo a problemática HIV/AIDS, porque Porto Alegre e região metropolitana, estão em primeiro lugar na infecção e co-infecção pelo Vírus HIV,tuberculose, álcool e drogas.  Esse trabalho do movimento, vem facilitando o acesso a informação, troca de saberes, onde planeja ações inter-setoriais, encontros com profissionais da saúde, movimentos sociais, igrejas, terreiros, unidades básicas de saúde, escolas, presídios e hospitais.  Com oMOPS RS, os terreiros gaúchos, através da Associação Clara Nunes, protagonizaram a Jornada Ancestral as Plantas e  Saúde nas comunidades tradicionais, em 2008, entrando pra história do SUS-Sistema Único de Saúde, onde pela primeira vez um Grupo Hospitalar – O Grupo Hospitalar Conceição, foi para dentro de um terreiro discutir saúde e práticas fitoterápicas. Despreconceitualizando a saúde, foi criado um espaço inter-religioso do Grupo Hospitalar Conceição,  onde religiosos de matrizes africanas tiveram seus direitos garantidos de atendimentos junto as demais religiões que já prestavam apoio ao tratamento médico alopático. Com 4 anos de atividades no Rio Grande do Sul, o MOPS RS, foi reconhecido recentemente pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, que escolheu sede do Movimento para encerramento do curso sobre saúde da população negra. O MOPS tem o desafio de ampliar seus núcleos, e difundir seus objetivos de representar, organizar os usuários de serviços de saúde, e de lutar pela qualidade de vida da população. É pra isso que existimos e não desistimos.  Um SUS, como verdadeiro Patrimônio da Humanidade, com transversalidade, Equidade e Humanização, é a luta do MOPS.Pense nisso! Participe!

sábado, 18 de maio de 2013


TERÇA-FEIRA, 2 DE ABRIL DE 2013

CLARA NUNES ESTÁ VIVA!

Há 30 anos atrás, num dia 2 de abril de 1983, nós brasileiros, perdíamos a maior expressão da nossa música popular brasileira: Clara Nunes.
Estava na casa de minha tia, quando uma de minhas primas a Maninha, chegou e me disse: morreu Clara Nunes! Aquela dor, era uma dor idêntica a dor sentida por um ente-querido, um consangüíneo nosso, que parte assim, sem dizer adeus!
A matriz africana, vivenciada e explicitada de forma nobre por Clara Nunes , foi sem sombra o maior afago à cosmovisão africana no Brasil, que já tivemos no cenário musical . Clara Nunes mostrou ao mundo o quanto é bonito ser negro. O quanto o sangue negro misturou-se ao mosaico cultural e deixou o Brasil um povo que sobrevive as adversidades cantando, mesmo que seja de dor! Mestiça, Clara ficou a vontade com seus cabelos crespos, suas roupas de religião, seus colares de contas e seus pés nus e muito bronzeamento para sua cor morena se tornar negra.
Esse resgate de identidade negra, somou-se a uma voz perfeita na entonação de cultura afro-brasileira, com expressões e mapeamentos musicais de resgate desta identidade, e foram despencando no cenário musical brasileiro jongos, maracatus, frevos, congadas, sambas de enredo, samba canção, toadas, toques de candomblé, folclore e muita fé no que fazia. Isso fez a auto-estima do povo negro, discriminado na sua cultura, subir e eleger Clara Nunes a nossa maior cantora, isso no Brasil negro, que a consagrou nas vendagens de discos. Clara se tornou um fenômeno, o mesmo povo que ela acarinhava com suas canções, era quem fazia dela uma rainha. O outro Brasil não negro,racista, discriminador, abastado, das elites, é óbvio escolhera outra cantora para representá-lo, mas teve que render-se ao talento da cantora caipira, vinda do interior e que em plena ditadura militar entoava cantos de louvor e hinos de luta como Canto das três raças.
O congraçamento das etnias brasileiras, e o sonho de equidade social, se manifestavam na cantora, quando sem esquecer suas origens, ia em busca dos compositores populares e se a música não arrepiasse, e não tocasse primeiro seu coração, ela não gravava. Seguia os referenciais do povo entre morros, terreiros,Continente Africano e o mundo afora, na busca do popular sem ser popularesca. 

Furava o bloqueio masculino e tornou-se um fenômeno de vendas. Vendia milhões de discos. No país do carnaval, nunca Clara teve em vida um especial na maior TV brasileira. Levou essa mágoa para a eternidade. Essa invisibilidade da representante autêntica do povo brasileiro, só foi sacudida pela morte prematura da artista. E dai? Daí que depois que Clara morreu, mais uma vez o mundo do poder, não negro, voltou-se para lágrima e dor do povo brasileiro, mais como manchete da confusão do enterro que reuniu mais de 50.000 pessoas no Rio de Janeiro, do que verdadeiro respeito pela artista,pela mulher de fibra, determinada,que nunca traiu seus princípios do cantar como missão, em forma de oração, lenitivo necessário para revelar a face de um povo, sua leveza, de rara beleza, e fé na sua grandeza.Não era atoa, o apelido de Sabia, quantas vezes observamos esse pássaro a cantar, com sol ou chuva lá está ele. Clara realmente, pássaro cantante.